O jornal espanhol ABC fez um relato que a CONMEBOL difundiu há muito tempo como documento histórico do Vaticano, onde indica que os guaranis, 200 anos antes que os ingleses, já jogavam bola. OFERECEMOS aos nossos leitores a publicação in-extensa do tradicional meio de imprensa espanhol, por ser de interesse e de estreita relação com a identidade sul-americana.
O jornal espanhol ABC fez um relato que a CONMEBOL difundiu há muito tempo como documento histórico do Vaticano, onde indica que os guaranis, 200 anos antes que os ingleses, já jogavam bola. OFERECEMOS aos nossos leitores a publicação in-extensa do tradicional meio de imprensa espanhol, por ser de interesse e de estreita relação com a identidade sul-americana.
Não havia gols e os jogos terminavam por abandono de uma das equipes, mas os índios guaranis do Paraguai já jogavam no século XVII a um jogo de bola muito parecido ao futebol, segundo os escritos por missionários jesuítas e enviados ao Vaticano.
«Foram os guaranis que inventaram o futebol», afirma o sacerdote jesuíta Bartomeu Meliá, em um documentário produzido pela Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai, em que afirmam que a origem do futebol é mais antigo e que os ingleses na verdade só o regulamentaram a meados do século XIX, concretamente em 1863 através da Football Association (FA).
A tese se baseia na obra «Tesouro da língua guarani», escrita pelo jesuíta Antonio Ruiz de Montoya e editada em Madri em 1639. O missionário narra sua chegada à bacia do rio Paraná, ao sul da Amazônia e sua surpresa ao ver os indígenas jogar com os pés con uma bola feita com resina de árvore.
«Não formulamos uma reivindicação em nome dos Guaranis, só dizemos que já existia o jogo de bola com os pés quando os jesuítas chegaram pouco depois de 1600», indica para a agência France Presse a ministra paraguaia da Cultura, Mabel Causarano.
Segundo as cartas enviadas a Roma desde San Ignacio Guazú, a primeira missão jesuíta fundada no Paraguai, os guaranis jogavam a disputar-se um objeto redondo «que botava», explica o cura espanhol Antonio Betancort. Em seus escritos, os missionários jesuítas chamam o jogo guarani de «manga ñembosarái», porque é da árvore Mangaisi de que extraíam a resina, cor de mel, que empregavam na elaboração da bola.
O jesuíta Bartomeu Melia, especialista em cultura guarani, explica como formavam primeiro uma bola de areia úmida, que recobriam com borracha, e depois enchiam mediante uma palha de bambu para dar-lhe o tamanho desejado.
Recreação
«A bola pulava muito e os jogadores tinham que provar sua habilidade para controlá-la», diz. Este momento de diversão era compartilhado pelos participantes e os espectadores, segundo relatos dos jesuítas.
«Costumavam também jogar bola, que, ainda sendo de borracha, era tão leve e rápido que, uma vez que a golpeavam, continuava pulando por algum tempo, sem parar, impulsionada por seu próprio peso. Não lançavam a bola com as mãos, como a gente, mas com a parte superior do pé descalço, passando-a e recebendo-a com grande agilidade e precisão», manifestava o jesuíta catalão José Manuel Peramás, um catalão nascido em 1732 que passou vários anos de sua vida na missão de San Ignacio Miní, segundo relatou L’Osservatore Romano em um artigo em 2010.
Não havia gols e a partida terminava com o abandono de uma das duas equipes. «O problema era que o encontro sempre acabava num 0-0», lamenta Julio Galeano, guia do museu diocesano de San Ignacio Guazú. A partir da presença jesuíta, os encontros se disputavam nos domingos, depois da missa, e podiam durar horas.
«O objetivo era que a bola não deixasse de pular, que não parasse», explicou para a BBC a historiadora Margarita Miró, funcionária da Secretaria Nacional de Cultura que esteve a cargo da pesquisa histórica do documentário. «Os homens eram que jogavam nos domingos à tarde depois da missa e havia apostas a ver quem ganhava», acrescentou.
Na América Latina, os astecas e os incas também desenvolveram jogos de bola, sem ter tido vínculos com os guaranis, e muito antes da chegada dos espanhóis ao continente americano, revela o historiador Jorge Rubiani à AFP. «Não creio que os guaranis inventaram o futebol», estima Rubbiani, «mas cada civilização acrescenta algo a este jogo».
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