Brasil e Alemanha são os grandes favoritos para ganhar a Copa do Mundo, mas a Argentina com Lionel Messi poderia dar o grito de campeão e, se isso acontecer seria a pior derrota para os brasileiros, considerou o ex-capitão da seleção uruguaia de futebol, Paolo Montero, em uma entrevista com a AFP.
Brasil e Alemanha são os grandes favoritos para ganhar a Copa do Mundo, mas a Argentina com Lionel Messi poderia dar o grito de campeão e, se isso acontecer seria a pior derrota para os brasileiros, considerou o ex-capitão da seleção uruguaia de futebol, Paolo Montero, em uma entrevista com a AFP.
Montero, um gladiador da Celeste e craque com a Juventus italiana, onde formou uma das defesas mais temidas dos anos ’90, vê o Uruguai preparado para alcançar uma boa atuação como o feito na África do Sul-2010, quando terminou em quarto lugar, pelo grande momento que atravessam os jogadores Luis Suárez e Edinson Cavani, cujos gols “fazem um convite a sonhar”.
Campeão de três ‘scudettos’, da Supercopa da Europa (1997) e da Copa Intercontinental em 1996 com a ‘Juve’ e capitão com o Uruguai do Mundial-2006, Montero é frequentemente lembrado por jogar sempre no máximo limite e por golpes que algumas vezes foram dados “por gosto”, confessou sem pudor o zagueiro.
P: Quais são os favoritos para conquistar a Copa do Mundo Brasil-2014?
R: Os favoritos são sem dúvida Brasil, a campeã do mundo Espanha, Alemanha, que está muito bem, e Argentina com Messi. Porém neste momento eu vejo mais Brasil e Alemanha.
P: É possível que repita um ‘maracanaço’, a épica coroação do Uruguai ante Brasil no Mundial de 1950?
R: Não, não vai ser nunca igual. O que digo é que Argentina e Brasil têm uma rivalidade especial, que se a Argentina ganhar para mim os brasileiros se matam. No fundo esses dois gostam da gente (dos uruguaios), porque somos como o irmão menor, as potências são eles dois; já joguei com jogadores argentinos e brasileiros e, para mim esse é o clássico da América do Sul.
P: Como o Uruguai está chegando ao Mundial?
R: Está chegando de forma positiva. O jogo mais importante vai ser o primeiro contra a Costa Rica. Acho que se Uruguai passar à primeira fase pode ser outra surpresa como a da África do Sul, estou convencido disso. Suárez e Cavani com seus gols são os jogadores que fazem você sonhar que o Uruguai vai ir bem.
P: O que mudou para que o Uruguai voltasse à elite do futebol Mundial, trás várias décadas de ostracismo?
R: A infraestrutura, a organização, a dirigência, o ‘Maestro’ (Oscar Tabárez, treinador do Uruguai) teve apoio e é o que nós tínhamos pedido. E, além disso, pegou justo jogadores de grande nível, é uma ótima equipe.
P: Em sua época a organização de seleções nacionais era deficiente?
R: Não existia, também nós não jogávamos tão bem futebol (…) Com meus companheiros demos tudo, o que hoje com 42 anos percebo é que se não tivesse sido tão frontal, poderia ter sido mais flexível no que reclamava. Não me arrependo pelo que eu lutei, mas poderia ter escolhido outros caminhos.
P: Hoje é treinador da terceira do Peñarol, o clube com o qual começou. O que diria como técnico a um jogador que jogasse da forma em que você jogava?
R: Tive um grande defeito que foram as expulsões. Como técnico, hoje, eu diria que tem que jogar mais tranquilo e que quando o jogo está complicado não tem que perder a cabeça. Foi positivo jogar no meu máximo limite porém, muitas vezes, no fundo da minha consciência ou inconsciência as vezes dava um chute por gosto, para buscar abrir os olhos do rival e aí vinha a expulsão, aí mandava tudo pro alto.
P: O chute mais lembrado?
R: O de (Francesco) Totti. Meus filhos usam o computador, me mostram e eu dou risada. Esse chute foi um dos que fiz por puro gosto porque estávamos perdendo em Roma no Olímpico 3-0 e com uma dança espetacular, Totti cruzou muito bem, e aí chutei com vontade, sabendo que já tinha cartão amarelo. Nem vi o vermelho e fui para o vestuário.
P: Que atacante foi o mais difícil de marcar?
R: Tive a sorte de jogar no Atalanta e na Juventus numa década onde os melhores jogadores da Europa estavam todos nos melhores sete ou oito times da Itália. (Marco) Van Basten, (Gabriel) Batistuta, (George) Weah, (Thierry) Henry, Ronaldo, (Francesco) Totti, estavam todos e todos me complicaram, do menor ao maior.
P: Qual é o melhor jogador da atualidade?
R: Messi, (Cristiano) Ronaldo, é difícil escolher um, mas eu sempre prefiro o sul-americano.
P: E quais são os melhores defesas?
R: Nós temos (Diego) Godín, que vai chegar em ótimo nível, depois estou vendo os zagueiros da Espanha: Piquet e Ramos. Creio que hoje os brasileiros estão pegando os melhores zagueiros do mundo, têm Thiago, David Luis, estes seriam os melhores do mundo junto com alguns alemães.
P: Que figura tática crê que vai predominar nos jogos da Copa do Mundo?
R: Hoje por hoje estão usando o 4-2-3-1, já não vejo muito futebol como se usava quando eu cheguei, o clássico 4-4-2, muitos utilizam a figura que utiliza (Joseph) Guardiola, porque impôs uma moda e muita gente o copia.
P: Como crê que passará para a história o Brasil-2014?
R: Tomara recordemos este Mundial pelos atacantes, porque vai significar que se verão muitos gols e isso é o que todos esperamos.
Por Giovanna FLEITAS/AFP/Entrevista exclusiva
Foto: AFP
Edição: conmebol.com