San Lorenzo, cujo torcedor mais famoso é o Papa Francisco, deu mais um passo no desejo de recuperar o seu estádio histórico, ao assinar na sexta-feira um acordo com a empresa francesa Carrefour, que cedeu terrenos no bairro de Boedo, na capital argentina.
O acordo foi assinado no Hotel Intercontinental, em Buenos Aires, onde geralmente concentra o plantel do’Ciclón’,  em meio ao clamor dos fãs e gestores presentes.
“É um ato de justiça , nós sentimos que é nosso”, disse o presidente do San Lorenzo , Matías Lammens, emocionado até as lágrimas.
O titular da Carrefour Argentina, Daniel Fernández , admitiu “Eu nunca pensei que iriam me aplaudir. Obviamente que o lugar é de vocês”, referindo-se ao conflito de longa data.
Por este acordo, o clube terá 30 dias para depositar a favor da empresa uns 15 milhões de pesos (1.875.000 dólares), juntamente com doações de torcedores.
Com este montante recuperarão 19.000 metros quadrados do total de 35.000 metros quadrados, dos quais 5.000 ficarão para a Carrefour, e o restante será pago em parcelas, apesar de ainda não ter sido revelado o custo total da operação.
Carrefour tem um ano e meio de prazo para deslocar o supermercado na parte do imóvel que conservará, e, em seguida, San Lorenzo poderá começar a construir seu estádio que estima-se estar pronto em 2018.
A longa disputa começou a se inclinar a favor do clube em novembro de 2012, quando o parlamento comunal de Buenos Aires aprovou uma lei para que o popular Ciclón azulgrená possa retornar ao local que perdeu três décadas atrás em Boedo, um bairro de classe média baixa no centro-sul da capital, estreitamente identificado com a instituição.
Em maio de 2013, em um primeiro convênio, as partes concordaram em compartilhar o terreno, ocupado atualmente pelo hipermercado.
O Gasômetro, antigo campo do San Lorenzo, foi demolido em 1979 e o Ciclón teve que se mudar mais ao sul, no bairro de Flores, onde construiu seu estádio Nuevo Gasómetro, mas o sonho dos torcedores sempre foi voltar para o seu lugar de fundação e histórico, Boedo.

O Papa, um torcedor fiel
“Estamos felizes. Os quatro milhões de torcedores tiveram a ver com isso. Ainda nos falta, temos que comprar muito mais metros quadrados”, disse Lammens.
O papa não quis ficar de fora da operação, disse Daniel Peso, membro da subcomissão do Torcedor do San Lorenzo, que viajou para o Vaticano em janeiro passado e teve a oportunidade de conversar com Francisco na Praça São Pedro.
“E o meu? Quero comprar um metro (quadrado)!” , disse o pontífice, segundo o relato da imprensa argentina.
Também se comprometeu em abençoar os esforços e o acordo entre o clube e a Carrefour, disse peso.

Texto: AFP
Foto: web