Há 24 anos, dois tantos de Batistuta deu à Argentina seu último título internacional a nível absoluto. Era a final da Copa América 1993 e Gabriel Batistuta firmou o 2-1 dando a vitória para a Albiceleste sobre o México. “É incrível que não tenha ganhado nada mais”, confessa para a revista FIFA 1904 sobre a longa seca de êxitos de seu país.
Aos 48 anos, ‘Batigol’ é agora um fã do futebol que o segue de uma forma mais calma, mas com muita empatia com os jogadores, especialmente os atacantes. Assim, ele explica nesta entrevista com a FIFA 1904.
– Qual é a sua opinião sobre o atual 9 da Albiceleste, Gonzalo Higuaín?
– Eles tiveram azar. Higuaín, especialmente. Ele perdeu chances importantes nas três finais (duas Copa América e uma Copa do Mundo da FIFA). E eu digo azar porque nos três casos foi ele que gerou as jogadas, não é que teve um colega que preparou tudo e o deixou sozinho. Também definiu mal. Contra a Alemanha, por exemplo, falhou no arco após sua concentração no jogo e até recuperação de uma bola; tudo o que deve cumprir um número 9. Ele fez tudo certo … exceto chutar para dentro do arco. Se isso acontece em outro jogo, ou numa primeira fase, não seria problema, pelo contrário, todos o aplaudiriam, por criar situações sozinho.
– O que você diria para Gonzalo?
– A mesma coisa que estou dizendo aqui. Na verdade, eu disse isso. Eu lhe entendo como 9. Mas o torcedor está longe de saber o que passa pela cabeça em um momento como esse. Especialmente no último jogo com o Chile que levou a bola a vários metros. Imagine: desde que assumiu a bola até o momento de chutar ao arco, atravessou a oportunidade que perdeu contra a Alemanha e na final anterior contra o Chile … muitos pensamentos que te complicam. Acredito que teria resolvido mais fácil se tivesse um rebote, sem tempo para pensar. Mas assim é o futebol.
– Queremos esclarecer um mistério. Foi-lhe atribuída a frase “Eu nunca gostei de futebol.” É mito ou verdade?
– Eu disse, mas foi uma defesa pessoal contra a imprensa e as próprias pessoas. Tentei impôr essa idéia para que não me perguntassem nada. Já era muito o que eu vivia nos treinos. Não esqueça que eu jogava no bom futebol italiano. Havia muita pressão, era conversado sobre futebol o tempo todo e eu estava ficando entediado. É claro que eu amo o futebol, a tática, o treinamento e tudo o que acontece no campo. Não era tão intenso na minha juventude, mas com o tempo tornou-se uma paixão. Na verdade, eu vivi muito intensamente. Agora, caminho com dificuldade justamente por isso: porque eu dei mais do que eu poderia dar.
A verdade está no meio: amo o jogo e tudo que envolve o processo do jogo em si. Não gosto tanto das entrevistas (risos), da polêmica, do exterior …
– Lionel Messi tirou-lhe o mérito de artilheiro na Argentina. Ficou surpreso?
– Para nada. Eu já previa isso 5 ou 6 anos atrás. Pensei que faria antes! Esse recorde foi algo esperado por mim, mas passou e é assim. Em algum momento eu também eu atingi esse recorde (risos). São coisas que acontecem.
Gabriel Batistuta…
Jogou 78 partidas internacionais com a Argentina e marcou 56 gols
Participou em 3 Copas Mundiais (EUA 1994, França 1998 e Coreia/Japão 2002)
Disputou três Copas América e saiu campeão nas edições de 1991 e 1993
Foi campeão da Copa FIFA Confederações 1992 e também disputou em 1995
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