Chapecoense, com um plantel reconstruído, recebia neste sábado em seu estádio Arena Condá o Palmeiras, em um jogo amistoso que marca a vontade de sobrevivência do pequeno clube do sul do Brasil, convertido em um grande da América do Sul. O encontro terminou empatado em 2-2.
A Chapecoense, reformulada após a tragédia aérea que atingiu o clube em Medellín, voltou aos gramados neste sábado, na lotada Arena Condá, em amistoso com o Palmeiras que terminou com placar de 2 a 2.
O jogo foi marcado pela emoção desde bem antes do apito inicial. O goleiro Jackson Follmann, o zagueiro Neto e o lateral-esquerdo Alan Ruschel, sobreviventes da queda do avião da LaMia, ergueram o troféu de campeão da Copa Sul-Americana, conquistado no ano passado.
Com a bola rolando, o meia Raphael Veiga, recém-contratado pelo campeão brasileiro junto ao Coritiba, abriu o placar aos 11 minutos do primeiro tempo. Pouco depois, aos 14, o zagueiro Douglas Grolli, revelado pelo time de Chapecó, deixou tudo igual.
Na etapa complementar, o volante Amaral, emprestado pelo Palmeiras a Chape, virou no primeiro minuto. O jovem Vitinho, meia formado na base do alviverde paulista, conseguiu empatar novamente aos 33 minutos.
Outro momento de emoção aconteceu aos 26 do segundo tempo, ou seja, quando foram totalizados 71 minutos de partida. O jogo foi paralisado para homenagear cada um dos 71 mortos na tragédia. Em campo, jogadores aplaudiram as vítimas, enquanto a torcida cantava o tradicional "Vamos, vamos Chape".
O jornalista Henzel e seu reencontro com sua paixão
Mas não só a equipe começou neste sábado sua nova vida, também foi um dia de reencontros para o jornalista Rafael Henzel, que retomoi o microfone após o acidente para relatar a partida na emissora Oeste Capital.
"Será um rito de iniciação, tanto para mim como para todos os torcedores que participaram (em dezembro) nas cerimônias fúnebres. Necessitamos de momentos como este, são um renascimento", afirmou o sobrevivente.
Como já ocorreu então, o 'pequenino' do futebol continental voltou a reunir a atenção de todo o mundo esportivo.
Um total de 241 jornalistas de nove países foram acreditados para cobrir o amistoso contra o Palmeiras.
"Somos uma comuna pequena, náo estamos acostumados a semelhante notoriedade. Mas esta comoção mundial nos reconforta. Esta enorme onda de solidariedade nos tem ajudado a erguer a cabeça e olhar para frente", disse para a AFP o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon.
A cidade, de uns 200.000 habitantes, pintou-se de verde, a cor da equipe, que se transformou mais do que nunca na cor da esperaça.
O 'Verdão do Oeste', como é chamado popularmente este clube por ser do oeste de Santa Catarina, passou a ser o segundo time preferido de numerosos brasileiros, muito além das fronteiras deste Estado meridional.
Os pedidos online de camisetas da 'Chape' esgotaram já várias vezes os estoques e sua fama transcendeu igualmente as fronteiras nacionais.
"Viemos da Argentina para a partida inaugural deste clube que teve uma tragédia que nos afetou a todos", afirma Miguel Álvarez, um argentino que fez a viagem desde Tucumã, a 1.500 km de distância.
"A parte futebolística vale, mas é (acima de tudo) a parte humana, temos que ser solidários", acrescentou.
Fotos: AFP
AFP / CONMEBOL.com
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