Cirila Haydee Paytan faz parte da nova diretiva da Federação Peruana de Futebol e com base na sua perseverança mostra a cara pelas mulheres no futebol peruano.
Cirila Haydee Paytan faz parte da nova diretiva da Federação Peruana de Futebol e com base na sua perseverança mostra a cara pelas mulheres no futebol peruano.
Raramente no futebol sul-americano, uma mulher tem a honra de integrar a direção de uma Federação de Futebol. Hoje, no Peru, a FPF tem o privilégio de contar com a sra. Cirila Haydee Paytán Suárez, que fez toda a sua carreira como dirigente em Pasco, cidade peruana localizada 4.380 metros acima do nível do mar, onde jogar futebol ou ser diretor não é nada fácil.
Como esperado, a sua feminilidade trouxe muitas inconveniências, mas sua perseverança falou mais forte, para ganhar um lugar na dirigência do futebol peruano.
-Qual foi sua principal motivação para se aventurar no futebol?
Sempre gostei de esporte, fui jogadora de voleibol, mas a principal motivação surgiu porque minha família tem um clube, o Sport Sausa, da liga distrital de Chaupimarca em Pasco. Meu pai, irmãos e agora meus filhos fazem parte da instituição, que agora em 25 de março faz seu 50º aniversário. Pela minha parte, eu comecei a trabalhar no clube como secretária, delegada, tudo para colaborar com a família.
-Ou seja, realizou os passos certos para chegar à dirigência nacional.
Exato, a partir de 1990 comecei a trabalhar como delegada do clube, depois em 1998, eu fui para a presidência da liga departamental de Chaupimarca, então em 2002 assumi como vice-presidente da Federação Departamental de Pasco. Em 2006 postulei para a presidência da Liga Departamental de Futebol de Pasco, e agora eu vou pelo terceiro mandato. Além disso, como todo mundo sabe, faço parte do conselho da Federação de Futebol do Peru, liderado pelo Sr. Edwin Oviedo, a partir deste ano.
-Imagino que por sua condição de mulher você teve muitos inconvenientes no começo.
É claro que, em uma sociedade tão machista como a nossa, e, especialmente, na serra, a primeira coisa que perguntavam é por que uma mulher estaria metida no futebol. Mais de uma pessoa dizia que os dirigentes tinham que ser apenas homens, por conseguinte, ser dirigente feminina não é nada fácil. Mas tudo bem, com muito entusiasmo e perseverança, mostrei que, gradualmente, eu tinha capacidade de fazer bem. Além disso, o futebol não é só para os homens, mas para muitos, e aí na dirigência eu me incluo.
-E nas arquibancadas já teve alguns problemas.
Sou dessas que defende a minha equipe, grito, reclamo com bastante temperamento. Quando meus filhos jogavam pelo Sport Sausa, e recebiam uma falta de um jogador rival, eu me desesperava, reclamava mesmo. Agora, como presidente da Liga Departamental de Pasco, defendo as nossas equipes que chegam às últimas inetâncias da Copa Peru. Eu já fiz com o Sport Ticlacayan duas vezes e também com o Ecosem. Meu sonho é que Pasco tenha novamente futebol profissional, apesar de que muitas equipes se opõem por causa da altura. Unión Minas passou muitos anos no futebol profissional, mas, infelizmente, não existe mais. Agora eu tenho trabalhado com futebol de menores, a fim de obter elementos jovens que forneçam o melhor para a nossa região e para a equipe nacional.
-Como mulher que tanto apoia o futebol feminino.
Eu dou muita importância para a prática do futebol feminino em Pasco. Portanto em Lima, somos o departamento que mais jogadoras tem, mais de mil, mas em outras regiões têm apenas trinta ou quarenta. Por isso nos campeonatos nacionais as nossas equipes ficam em terceiro lugar, atrás apenas de Lima. Acreditamos que este esporte tenha muita projeção em nossa zona. Aqui na Federação Peruana de Futebol, nós entramos em contato com a treinadora de seleções Marta Tejera, a idéia é fazer um bom trabalho para que o Peru consiga se afiançar a nível de América do Sul.
-Qual é a sua opinião sobre as equipes masculinas, por que você acha que não comparecem aos mundiais há tanto tempo?
Eu lhe digo, na fase de eliminatórias para a classificação ao Mundial da África do Sul 2010, tive a oportunidade de acompanhar a equipe para Montevidéu como parte da delegação. Infelizmente nesse dia o Uruguai nos venceu por 6-0 e Paolo Guerrero foi expulso. Imagine como eu estava, foi uma noite para apagar da lembrança. Eu realmente não quero ver a minha equipe cair dessa forma, por isso se impõe principalmente um trabalho de futebol de menores. Bem, já virá a minha revanche, espero que seja em breve, quero ver a minha equipe ganhar sempre.
-Você faz parte da nova diretiva da Federação Peruana de Futebol. Como você percebe o trabalho que começou a fazer?
Bem, o Sr. Edwin Oviedo, que agora preside a Federação Peruana de Futebol, tem boas intenções e temos de apoiá-lo. Não queremos ser diretores decorativos, mas sim apoiá-lo com ideias, tomando medidas que levam à transformação do futebol peruano.
-Falando de apoio imagino que os seus filhos estão pendentes do seu trabalho.
Sim, eles me apóiam muito, me dão conselho, me motivam. Todas essas conquistas também são para o meu pai que nunca pôs objeção ao meu trabalho no futebol. Ele amava o esporte, por isso ele jogou ao lado de "Lolo" Fernández, quando o ídolo peruano em 1938 foi convidado para Pasco para jogar uma partida de exibição
Gabinete de Relações Públicas / Federação Peruanade Futebol