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O “Menino Anjo” da Chapecoense sonha em ser jogador de futebol

Com o escudo da Chapecoense no coração e a memória viva da queda do avião que mudou sua vida, Johan Ramírez, o "Menino Anjo" da Colômbia que ajudou a resgatar sobreviventes do clube brasileiro, agora sonha em ser um jogador de futebol.

Com o escudo da Chapecoense no coração e a memória viva da queda do avião que mudou sua vida, Johan Ramírez, o "Menino Anjo" da Colômbia que ajudou a resgatar sobreviventes do clube brasileiro, agora sonha em ser um jogador de futebol.

Com 15 anos, ele participa de um torneio de futebol em La Ceja, perto da colina onde no dia 28 de novembro o avião da empresa boliviana Lamia caiu, provocando a morte de 71 pessoas, sendo a maioria jogadores e membros da comissão técnica da Chapecoense que disputaria a primeira final da Copa Sul-Americana ante o Atlético Nacional em Medellín.

"Eu gostaria de jogar no Nacional ou na Chapecoense", disse à AFP este jovem de cabelos loiros, no meio de uma cancha de areia depois de que a sua equipe vencesse por 2-1 o San José com uma assistência sua.

"Estas são as duas equipes do meu coração: Nacional porque eu sempre gostei de toda a vida e Chapecoense pela satisfação de que pude ajudar os sobreviventes", contou com uma voz tímida e suave, que dentro do campo se mistura com sua habilidade como meio-campista.

Quando ele joga a bola, seus companheiros o chamam de "Chape" e na rua, onde muitas vezes pedem uma foto ou lhe parabenizam, é o "Menino Anjo", como é apelidado pela imprensa local por socorrer os jogadores Jakson Follmann, Alan Ruschel e o tripulante boliviano Erwin Turimi.

– "Ajudei sem esperar nada" –

O governo brasileiro convidou-o para as homenagens às vítimas e recebeu do presidente Michel Temer a camisa "verdeamarela 10" com seu nome gravado.

Ele cruzou o Atlântico para ver as instalações do Real Madrid e seu ídolo, o colombiano James Rodríguez, que lhe deu a camisa com que jogou o Mundial de Clubes.

Além disso, ele recebeu uma bola da Liga dos Campeões assinada pelos jogadores "merengues". Sua outra referência é  o goleiro do Atlético Nacional, o argentino Franco Armani, que lhe enviou um casaco; uma fundação presenteou uma casa para sua família e foi premiado meia dúzia de vezes.

"São surpresas da vida porque eu ajudei sem esperar nada em troca", explicou.

Johan e seu pai, Miguel Ángel Ramírez, lembram com precisão aquela noite fria de novembro, quando o acidente despertou a solidariedade global com esta humilde equipe da América do Sul, que foi para jogar a sua primeira final de um torneio continental.

Ambos estavam na sua cabana nas montanhas de La Unión, lugar onde frequentemente John ia para ajudar o seu pai com os trabalhos da terra. Assistiam a televisão quando ouviram o ruído de uma aeronave que soava "muito diferente" das que normalmente sobrevoavam a área antes de aterrizar no aeroporto José María Córdova, que atende Medellin.

"Foi um barulho impressionante, tanto que o rancho que estávamos sacudiu", disse Miguel Ángel, um camponês típico antioqueño de 46 anos.

– "Realizar os sonhos" –

Pai e filho olharam para fora mas não notaram nada de estranho. Voltaram à frente da televisão, mas logo chegaram as notícias de alerta sobre o desaparecimento de um avião.

Bomberos, policiais e resgatistas foram ao lugar. "Aqui tem um!", "¡Aqui há outro!", ouviam Johan e Miguel Ángel, que em minutos chegaram ao local. 

Seu conhecimento da área – montanhosa e com muito lodo – foi útil para as equipes de resgate, que previam o corte de árvores para evacuar os seis sobreviventes.

Os Ramírez mostraram uma rota de saída mais curta e menos complexa através de suas colheitas de feijão e ervilhas, que foram destruídas, uma perda equivalente a 20.000 dólares.

"Naquele tempo não importava a nossa plantação, só importava salvar os nossos irmãos brasileiros", disse Miguel Ángel, que esteve com seu filho até as três da manhã ajudando no trabalho humanitário.

Agora, o "Menino Anjo" continua sua escola e busca "uma oportunidade" em algum clube de futebol.

Não sabe como reagiria no caso de se encontrar com um dos sobreviventes ou seus familiares. E seu coração se divide quando pensa na possibilidade de um confronto entre Atlético Nacional e Chapecoense, que participam na CONMEBOL LIBERTADORES BRIDGESTONE.

 

 

 

AFP

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