Oscar Tabárez cumpre 10 anos à frente da Celeste como o técnico de maior antiguidade em funções no mundo, um período em que conquistou um título, colocou o Uruguai entre os melhores times e devolveu ao torcedor o amor pela camiseta.
Sua década à frente da seleção uruguaia, inigualada na história do futebol sul-americano, chega quatro dias depois de fazer seus 69 anos.
Este profesor de escola e ex-jogador de futebol que começou a dirigir em 1980, ganhou a Copa América de 2011 na Argentina, eliminado nas quartas de final o anfitrião e amplo favorito.
Ademais conseguiu uma recuperação do nível de futebol de uma seleção histórica que ficou entre as quatro melhores na Copa do Mundo, mas acima de tudo, fez voltar a alma do torcedor ao apoio à equipe nacional.
Muito atrás ficaram os títulos mundiais Uruguai-1930 e Brasil-1950, o feito máximo na história esportiva desse pequeno país sul-americano, com apenas três milhões de pessoas, volta a se recuperar com o 'o mestre' Tabárez o brilho internacional.
Na última década, Tabárez encabeçou desde a área técnica um trabalho que se apoiou em vários jogadores "pilares" , mas também em um enfoque quase didático e formativo na hora de dirigir que lhe permitiu consolidar um grupo.
O resultado em campo pode ser bom, ruim ou indiferente, mas no Uruguai há um consenso de que qualquer que seja o placar, a entrega-um valor importante para o torcedor local- é sempre total.
Sua primeira etapa dirigindo a Celeste foi entre 1988 e a Copa do Mundo da Itália de 1990, em que o Uruguai caiu ante os anfitriões. Seu retorno em 2006 teve seus resultados mais importantes nos próximos cinco anos, ao lado de jogadores que eram estrelas no mundo.
Diego Forlán, atualmente jogador do Peñarol local e aposentado por decisão própria da seleção, foi o melhor jogador na África do Sul de 2010; Luis Suarez, o artilheiro do Barcelona, é atualmente a maior estrela de um time que se caracteriza pelo trabalho em equipe.
Outros, como o ex-capitão Diego Lugano (São Paulo), Egidio Arévalo Ríos (Atlas, México), ou Edinson Cavani (Paris Saint Germain), têm sido a espinha dorsal de uma etapa que muitos especialistas costumam chamar como "o processo".
Agora, com alguns dos "históricos" desta etapa passando os 35 anos, Tabárez encabeça uma renovação natural de nomes que permitiu jogadores experientes em equipes 'sub' ou na própria seleção adulta, juntar-se à equipa que procura um lugar em Rússia 2018.
Este é o caso dos defesas José Giménez (Atletico Madrid, Espanha), Sebastian Coates (Sporting Lisboa, Portugal), ou o meio-campista Brian Lozano (América do México).
– Da boca de Tabárez –
Para este treinador que liderou as equipes do futebol uruguaio –ganhou a Copa Libertadores em 1987 com o Peñarol- e times grandes fora do seu país como o Boca Juniors da Argentina ou o italiano AC Milan, a mira é sempre ir para o próximo Mundial.
Nas eliminatórias para Rússia 2018, os pupilos de Tabárez correm atrás do invicto Equador, apesar de ter iniciado a competição sem Suarez e Cavani, ambos suspensos.
Agora, o retorno do atacante do Barcelona em um grande momento em sua carreira produzirá, depois de nove rodadas de sanções da FIFA, nada menos do que de visitante contra o Brasil, de seu companheiro de equipe Neymar, em 25 de março no Recife, nordeste brasileiro.
Poucos dias atrás, em uma entrevista exclusiva com a AFP, Tabárez-fiel a seu estilo- evitou colocar dramatismo ao retorno do maior ídolo da torcida local à seleção adulta.
"Suarez é importante pelo que faz em campo, pelos gols, o quão importante são esses gols para sua equipe, como superou dificuldades. Isso ele tem e é uma contribuição", resumiu o DT.
Muito além das individualidades, estrelatos e títulos, Tabárez dedicou boa parte de seu tempo promovendo o trabalho formativo tanto na seleção quanto em clubes.
Durante a entrevista à AFP no Complexo Celeste, local de treinamento e concentração das seleções uruguaias, o 'mestre' Tabárez deixou claro que desde o início do seu segundo período à frente da equipe 'charrúa', tinha um objetivo principal: "Como fazer para que o Uruguai volte a se instalar com possibilidades no concerto do futebol mundial moderno".
"Mal ou bem, temos conseguido", resume o DT.
por Mauricio Rabuffetti / AFP
Foto: AFP
Edição: conmebol.com