O documento de identificação de Rio Mavuba, volante de 30 anos da seleção francesa que disputa a Copa do Brasil, apresenta um local de nascimento pouco comum: o mar. Em 2004 adquiriu a nacionalidade francesa e agora disputa o Mundial Brasil-2014 com os Bleus.
— O barco percorreu a costa da África e toda a península ibérica antes de atracar em Marselha, na França, alguns dias depois do meu nascimento. Nasci durante a viagem e não tenho um Estado. Agora, as pessoas sorriem quando olham o meu passaporte e notam que eu nasci no mar — recorda Mavuba, em entrevista à agência ligada aos refugiados de guerra da ONU.
Sem pátria, com mãe de angolana e pai oriundo do antigo Zaire, Mavuba viveu como refugiado político na França até 2005, quando conseguiu sua nacionalidade francesa de forma definitiva. Em 2004, Mavuba quase atuou pela seleção da República Democrática do Congo, antigo Zaire, mas decidiu por estrear, no mesmo ano, pela seleção francesa, ao ser convocado pelo então técnico Raymond Domenech
Outro fato curioso na história de Mavuba: o pai do jogador também disputou uma Copa do Mundo. Rick Mavuba defendeu o Zaire, como jogador, na Copa do Mundo de 74, na Alemanha.
Desde a sua formação como jogador, no Bordeaux, Mavuba se destacou atuando em clubes franceses. Durante uma temporada, foi jogador do Villareal, da Espanha, retornando ao seu ‘país’, no ano seguinte, para jogar pelo Lillie, clube que defende desde 2008.
Em 2009, o agora ‘francês’ fundou a Associação Órfãos de Makala, bairro da capital Kinshasa, um orfanato na República Democrática do Congo. A iniciativa foi desenvolvida em um prédio antigo, o mesmo em que seu pai viveu na época em que vivia no país.
Agora disputa seu primeiro Mundial. Jogar a primeira partida da França contra Honduras (3-0), em 15 de junho, foi uma homenagem a Ricky Mavuba, ao ser a festa do pai na França. Rio gostaria agora de entrar no gramado do Maracanã nas quartas de final contra a Alemanha, na cidade que coincide com seu nome.
Mavuba gostaria de jogar no Maracanã do Rio, para que o seu pai se sentisse orgulhoso dele, e num país em que se fala português, a língua de sua mãe angolana.
Foto: AFP
Edição: conmebol.com