Debaixo das arquibancadas do estádio Monumental, dezenas de estudantes vão às aulas da brilhante universidade do popular clube argentino River Plate, inaugurado em 2013 para completar sua oferta acadêmica onde futebolistas como Hernán Crespo e Gonzalo Higuaín já frequentaram os estudos por lá.
Por Liliana Samuel
“Este clube não tem limites. Além da quantidade de torcedores que somos, não é só no futebol, que é o coração do clube. Esta universidade é uma mostra do grande clube que é”, disse para a AFP, Fernando Mas, 29 anos, um dos alunos do Instituto Universitário River Plate e filho do legendário atacante Oscar “Pinino” Mas, que brilhou no clube no final dos anos 60 e 70.
“Minha expectativa era voltar a estudar, porém ainda sou preparador físico e acho que dentro de alguns anos aqui será como na Europa e vão a exigir um diploma para poder sentar em um banco de reservas”, confessou Mas, cuja vida social gira em torno ao clube, onde inclusive seus pais se conheceram.
O sistema educativo do River, criado há 25 anos, alberga hoje uns 2.000 alunos, cuja idade varia desde os 45 dias de vida até os adultos universitários, passando pelas crianças que frequentam o jardim infantil e os níveis primário, fundamental, médio e superior.
“Há muitas universidades que têm um clube de futebol, como a U de Chile ou a Universidade Autônoma do México, porém só existe um clube que tem uma universidade com um sistema educativo completo”, destacou à AFP Juan Carlos Pugliese.
Segundo o reitor, de extensa trajetória acadêmica, “uma instituição social que tem mais de 100 anos como o River e que desenvolveu um sistema educativo tinha que dar um salto de qualidade e criar uma instituição universitária”.
Ali há a possibilidade de estudar Marketing do Esporte, Administração do Esporte, Administração de Empresas e Educação Física.
“Buscamos formar profissionais que atendam os distintos enfoques do esporte: tanto educativo, como negócio ou como espetáculo”, assegurou Pugliese.
Um mexicano e um colombiano são os primeiros estrangeiros que cursam nesta universidade privada, com mensalidade de 1.200 pesos (uns 223 dólares), com descontos para sócios, e ainda a instituição espera que essa presença “se multiplique no ano que vem”.
Futebolistas e ex-alumnos
Professores e diretores se lembram de alguns jogadores em atividade ou retirados que foram estrelas no River e que passaram pelas salas de aula das escolas primária e secundária do clube.
Citam, por exemplo, o ex-atacante da seleção argentina Hernán Crespo, 37 anos, que se retirou no Parma da Itália em 2011, e Fernando Cavenaghi (Pachuca, México), de 29 anos.
De pé sobre a pista de atletismo que rodeia o campo de jogo do Monumental, onde treina pré-adolescentes de uniforme escolar, Adrián Rincón, um professor de ginástica de 40 anos relata aos seus alunos sobre Gonzalo Higuaín, (25 anos) nas filas do Real Madrid.
Também enumera entre os ex-alunos: Pablo Aymar (Johor, Malásia), Franco Constanzo (Universidad Católica de Chile) e Javier Saviola (Málaga/Espanha), entre outros.
Vida saudável, esporte e a contenção das crianças é o que dá motivação para Agustina, uma jovem mãe de duas meninas de 8 meses e 3 anos, que vão à creche e ao jardim do River.
“Quando você inscreve as crianças, tem que fazê-los sócios primeiro. O colégio é bom e é difícil de conseguir vagas. Eu sou do River e as meninas também, a mais velha é fanática mas meu marido, que é do Independiente, acaba suportando”, conta para a AFP.
Ainda que ser torcedor do River não seja uma condição indispensável para cursar, quase todos são, mas “aceitamos a todos e aprendemos com essa diversidade”, afirmou a diretora da escola primária, Marcela Stronatti, que confessa ser torcedora do “Millonario”.
Por Liliana Samuel/AFP
Foto: IURP
Edição: conmebol.com