A morte de um adolescente na Bolívia numa partida da Copa Libertadores 2013 e os destroços causados ao estádio Centenário de Montevidéu em outro jogo, dispararam os alertas pelos reiterados fatos violentos no futebol sul-americano faltando apenas 15 meses para o Mundial-2014.
A morte de um adolescente na Bolívia numa partida da Copa Libertadores 2013 e os destroços causados ao estádio Centenário de Montevidéu em outro jogo dispararam os alertas pelos reiterados fatos violentos no futebol sul-americano faltando apenas 15 meses para o Mundial-2014.
O incidente mais grave aconteceu no passado 20 de fevereiro no estádio Jesús Bermúdez da cidade boliviana de Oruro (sul), onde morreu o jovem Kevin Beltrán, de 14 anos, ao sofrer um impacto na cabeça por um sinalizador quando presenciava a partida entre o local San José e o Corinthians do Brasil.
O decesso do menor foi de forma imediata quando passavam os primeiros minutos do encontro do Grupo 5 da Libertadores, e no ato foram detidos 12 torcedores do Corinthians sob cargos de homicídio culposo e cumplicidade trás comprovar-se sua responsabilidade nos fatos.
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) reagiu de maneira contundente frente ao episódio ao sancionar o Corinthians, campeão defensor do torneio continental e atual monarca mundial de clubes, ao disputar suas partidas da Libertadores em São Paulo com as arquibancadas vazias e proibir a venda de entradas para sua torcida quando jogue de visitante.
“Uma jovem vida foi segada devido a um extremo sem razão, causando luto e dor entre os membros de uma família, que não compreenderá jamais um fato indigno e que carece de vínculo algum com o que pretende o futebol como esporte dos nossos povos”, lamentou o presidente da Conmebol, o paraguaio Nicolás Leoz.
O governo brasileiro, através do ministro de esportes, Aldo Rebelo, pediu ao ministro boliviano “castigar os responsáveis” ao condenar a morte de Beltrán.
“É lamentável que numa festa do futebol um torcedor, seja brasileiro ou boliviano, seja vítima de violência. É inaceitável”, disse Rebelo para a imprensa brasileira.
O Corinthians, que a princípio qualificou como “injusta” a medida e, dias depois, anunciou que acatava a decisão. Jogou na noite de quarta-feira, sem público, no estádio Pacaembu de São Paulo ante o colombiano Millonarios, no qual derrotou 2-0.
O presidente da FIFA, Joseph Blatter, tinha chamado a atenção das autoridades esportivas da região a finais do ano passado para que fosse melhorada a segurança nos estádios, logo de avaliar os incidentes na final da Copa Sul-Americana-2012 entre o local São Paulo e Tigre da Argentina, que denunciou ataques no vestuário durante o recesso por agentes de segurança do clube brasileiro.
“Estes incidentes devem ser uma advertência para os organizadores do Mundial (2014) e para todos os organizadores, do que possa acontecer”, afirmou.
Para o mandachuva da FIFA, a violência nos estádios transcende o esportivo e tem as suas origens na mesma sociedade.
“Nós não somos a origem da violência, a origem está na sociedade. Na história da humanidade vemos que já havia violência antes que o futebol existisse (…) Obviamente sempre estamos pendentes dos incidentes que existem no futebol, mas não temos potestade em temas de segurança”, destacou.
Nesta terça-feira, em Montevidéu, também pela Libertadores, barra bravas do argentino Vélez Sarsfield ocasionaram vários destroços em dois locais do estádio Centenário trás a partida que sua equipe ganhou 1-0 o uruguaio Peñarol.
“Quebraram todos os vidros e forçaram as portas. Jogaram um televisor. Ainda atacaram a parte dos dirigentes: quebraram mesas, mostradores, estantes. Também houve muitos rompimentos de poltronas, eles jogavam de um lugar para outro”, disse à AFP o diretor general da comissão administradora do estádio (CAFO), Mario Romano.
A Conmebol está atenta para as denúncias da Associação Uruguaia de Futebol (AUF), assegurou que o tema será abordado pela unidade disciplinar da entidade nos próximos dias e se encontra à espera dos informes do juiz do compromisso e do árbitro brasileiro Heber Lopes.
Na Argentina, um torcedor barrabrava ferido num choque armado no fim de semana morreu na quarta-feira em um hospital da província de Buenos Aires onde estava internado.
O enfrentamento a balaços entre facções do clube Tigre teve lugar no domingo nas imediações do estádio desta equipe em Victoria, ao norte da capital, antes do jogo com o River, que ganhou 3-2 pela terceira data do Torneio Final de primeira divisão.
O falecido era um dos três torcedores que permaneciam internados em estado grave em um hospital.
A briga entre os barrabravas do Tigre ocorreu devido ao controle das fontes econômicas que os financiam, segundo fontes policiais citadas pela imprensa.
Após a morte do torcedor, a Associação do Futebol Argentino (AFA) anunciou nesta quinta-feira que a partida Tigre x All Boys, pela quarta data do torneio local e previsto para o próximo domingo, será à porta fechada.