Página inicio CONMEBOL

NOTICIA DESTACADA

Vai começar a CONMEBOL Libertadores de Futsal 2024 na capital argentina
Vai começar a CONMEBOL Libertadores de Futsal 2024 na capital argentina
Suspense no encerramento da 5ª rodada
Suspense no encerramento da 5ª rodada
10 times clasificados após penúltima rodada
10 times clasificados após penúltima rodada
Museo Conmebol
Cree en Grande

FIFA e a responsabilidade social corporativa

As atividades da FIFA em prol do desenvolvimento do futebol vêm passando por mudanças significativas desde a aprovação das Regras Gerais dos Programas de Desenvolvimento da FIFA em 2013, ano em que a organização que dirige o futebol mundial investiu mais de US$ 500 mil diariamente no desenvolvimento da modalidade e em projetos de responsabilidade social empresarial. Novas iniciativas, como o programa para federações afiliadas menos privilegiadas e o plano de geração de receitas, também foram criadas para atender melhor as necessidades das federações.

Em entrevista exclusiva ao FIFA.com, o diretor de Federações Afiliadas e Desenvolvimento da FIFA, Thierry Regenass, falou sobre a adoção das regras para o desenvolvimento e sua aplicação, a evolução dos programas assistenciais da FIFA nos últimos 15 anos e a razão pela qual o futebol é às vezes vítima do próprio sucesso.

FIFA.com: Os seminários sobre desenvolvimento da FIFA começaram no ano passado na Nova Zelândia e terminarão em 2014, após a Copa do Mundo da FIFA. Qual foi o resultado? As federações afiliadas à FIFA já estão preparadas para adotar as novas regras para o desenvolvimento a partir de 1º de janeiro de 2015?
Thierry Regenass:
Esses seminários são parte de um importante processo informativo que iniciamos para conscientizar a respeito das mudanças na FIFA e no marco regulatório do mundo do futebol. Até agora, realizamos dez seminários em todos os continentes e atingimos 175 federações afiliadas. Estamos tentando multiplicar os canais de comunicação com nossos membros, tanto pela comunicação oficial quanto por seminários e pelo diálogo direto – tudo isso para termos certeza de que todas as 209 federações estarão prontas para observar as novas regras aprovadas em votação no Congresso da FIFA.

Um pequeno número de federações terá que alterar alguns de seus mecanismos de governança para poder cumprir nossos requisitos, tanto no que diz respeito aos estatutos-padrão quanto a nossos requisitos de auditoria para os programas de desenvolvimento da FIFA. Isto é e será um desafio. Por exemplo, exigimos indiretamente que todas as federações afiliadas tenham uma assembleia geral anual, que precisará aprovar as contas, e algumas federações só têm assembleias bienais, o que não cumpre com os estatutos-padrão da FIFA. Isso é um exemplo de uma mudança relativamente importante, na qual teremos que auxiliar as federações.

Como a FIFA pode evitar novos casos como o da Federação de Futebol de Antígua e Barbuda, recentemente punida por infrações relacionadas ao regulamento do programa Goal da FIFA?
A adoção das novas regras para o desenvolvimento é um passo, mas um caso como o de Antígua e Barbuda também é representativo de um período e um contexto que evoluíram significativamente tanto por parte da FIFA quanto pela da federação. Em 1999, a criação de programas de desenvolvimento como o PAF (Programa de Assistência Financeira da FIFA) e o Goal tinha um objetivo subjacente: oferecer meios para que as federações nacionais evoluíssem como organizações, se fortalecessem e se tornassem mais bem preparadas para cumprir sua função. Foi um reconhecimento da necessidade de uma evolução, de uma melhora, o que significava também que haveria um tempo de aprendizagem gradual em alguns casos. Tanto a FIFA quanto as federações aprenderam quais são os desafios, quais são as prioridades, etc. ao longo dos 15 anos da assistência financeira vinda da FIFA.

Hoje, ainda temos que trabalhar no aumento do poder institucional para ajudar nossos membros a se tornarem ainda mais fortes. Estamos fazendo isso por meio de programas como o PERFORMANCE. Mas também enxergamos uma melhora em geral em relação a 15 anos atrás e, embora não possamos garantir que nenhum “projeto ruim” volte a ser realizado, também estamos bastante confiantes a respeito de que não veremos muitos mais casos como esse.

O apoio financeiro direto da FIFA chegou à marca de US$ 1 bilhão em janeiro passado. Quais diria que são as principais conquistas por trás desta cifra? Quais aspectos poderiam ser melhorados no futuro?
Combinando os impactos do PAF e do programa Goal, o apoio oferecido desde 1999 às 209 federações afiliadas conseguiu principalmente dar um padrão mínimo de credibilidade a todos nossos membros. É preciso pensar que, naquele tempo, várias federações não tinham sequer uma sede apropriada nem os recursos para realizar uma administração adequadamente. O futebol desses países era basicamente dirigido por comitês e assembleias gerais, o que tem limitações evidentes. Com o PAF, muitas federações conseguiram aumentar sua presença, sua legitimidade como o órgão nacional dedicado ao futebol. Isto para nós é a maior conquista, porque as federações afiliadas são a coluna central do futebol, o elemento que une tudo na pirâmide do futebol.

Também precisamos mencionar a outra grande conquista dos últimos 15 anos de apoio por parte da FIFA ao desenvolvimento do futebol, que foi o número de campos e de estruturas dedicadas ao futebol que financiamos. Construímos mais de 250 campos de futebol em todo o planeta.

No entanto, o aspecto negativo de uma cifra como essa é que, mesmo depois de 15 anos, ainda vemos que um número muito grande de federações depende muitíssimo do apoio financeiro da FIFA para ter fluxo de caixa. Poderíamos nos orgulhar disso, de que a FIFA basicamente permite que as federações afiliadas funcionem e ponto. Mas, sinceramente, preferiríamos poder dizer que nem todas as 209 federações usam o PAF como uma fonte extra de receita, mas infelizmente ainda estamos muito longe disso.

A FIFA vem diversificando ultimamente o escopo de seus projetos de desenvolvimento do futebol por meio de iniciativas como os programas para federações afiliadas menos privilegiadas e o plano de geração de receitas. Estão satisfeitos até agora? Quais são os próximos passos?
Em relação ao projeto de geração de receitas, acabamos de receber as conclusões do primeiro projeto aprovado, em que financiamos um sistema de eletricidade com painéis solares para a Federação de Futebol de Guam. Gostamos muito de saber que eles conseguiram realizar o projeto porque agora reduziram a zero a conta de luz, que antes era cara demais. Isso permite que usem os recursos que destinavam às despesas com eletricidade no desenvolvimento do futebol.

O programa para as federações menos privilegiadas vem sendo enormemente bem-sucedido. Existem 71 federações com direito a participar do programa e até agora aprovamos 63 projetos no quadriênio 2011-2014. É muito provável que “preenchamos as lacunas” até o último encontro do Comitê de Desenvolvimento deste quadriênio, em setembro. Este programa foi criado para garantir que as chamadas federações “menos privilegiadas” tenham acesso prioritário a um número restrito de projetos (campos, apoio a competições juvenis, equipamento) para tentar corrigir carências fundamentais desses países, principalmente no que diz respeito às instalações para a prática do esporte. Um de nossos objetivos é reduzir a distância entre países muito desenvolvidos e os menos privilegiados. E, nestes países, o principal obstáculo ao desenvolvimento do futebol é com frequência a simples falta de campos de jogo.

No ano passado, o Afeganistão e a Somália viraram notícia pelas notáveis conquistas que fizeram no terreno do desenvolvimento do futebol. Você destacaria mais algum país?
Temos cada vez mais “histórias com final feliz” e essa é uma das coisas que nos motiva a desenvolver o futebol ainda mais. Às vezes, isso se traduz dentro de campo, com a classificação para um torneio ou uma subida no Ranking Mundial da FIFA/Coca-Cola, mas não necessariamente. O mais importante é que a estrutura do futebol melhore de um modo geral. Isso pode ser pelo lado da governança, o que me traz à mente a Indonésia; pelo lado administrativo – Mauritânia ou Equador, por exemplo –; ou, mais evidentemente, dentro de campo – temos casos ótimos neste quadriênio, como Etiópia, Cabo Verde, Ruanda eSamoa Americana, só para mencionar alguns.

A interferência governamental é um a questão frequente com que a FIFA precisa lidar. Acha que as federações afiliadas conseguiram compreender melhor a questão a ponto de evitar ter que enfrentar situações em que isso ocorre?
De certo modo, o futebol às vezes é vítima de seu próprio sucesso e sua importância para as pessoas. Devido a sua estrutura democrática, na qual os dirigentes das federações são eleitos a cada quatro anos, o futebol é intrinsecamente suscetível a instabilidades. Assim, sempre haverá riscos e sempre precisaremos ter uma postura preventiva em relação a isso.

Mas nos últimos tempos estamos vendo menos interferência governamental do que no passado. Gostamos de pensar que tivemos participação nisso ao fortalecer as federações por meio de nossas ações preventivas de governança e do desenvolvimento. Hoje em dia, a maioria dos “casos” que enfrentamos no aspecto da governança é na verdade de tensões internas, principalmente no tema dos estatutos das federações. O lado positivo desta tendência é que a resposta da FIFA às tensões internas pode ser mais flexível e não tão paralisante como em assuntos ligados à interferência governamental, para a qual a reação-padrão é a ameaça de suspensão.

A Copa do Mundo Feminina Sub-17 da FIFA Costa Rica 2014 terminou no início de abril. Qual é seu papel durante um torneio? E quanto aos projetos de legado?
A Federação Costa-Riquenha foi muito ativa em relação ao desenvolvimento durante a Copa do Mundo Feminina Sub-17 da FIFA e pudemos apoiá-la em uma ampla variedade de áreas: demos início à campanha Live Your Goals, apoiamos a criação de campeonatos femininos e de programas para a revelação de talentos, organizamos cursos para técnicos e árbitros… Foi com certeza um exemplo bem-sucedido de como a organização de uma Copa do Mundo Feminina da FIFA pode dar um impulso a projetos de futebol feminino em um país e assim deixar um verdadeiro legado, desde que as iniciativas se tornem autossustentáveis. Mas temos confiança de este será o caso da Costa Rica.

 

Fonte: fifa.com

Foto: Néstor E. Soto

ÚLTIMAS NOTICIAS